segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Diário de Rui Machado



Rui Machado, nº90 mundial, defronta na madrugada de segunda para terça-feira Santiago Giraldo cerca das 3h00 no court 14 em Melbourne Park.

Saiba como se vive o primeiro Grand Slam do ano por dentro. Dia-a-dia Rui Machado conta o que se passa nos bastidores do Open da Austrália.

DIA 1 - Cá estamos no primeiro Grand Slam em que directamente para o quadro principal. Já duas vezes passei da 1ª ronda, mas nunca na Austrália, onde chego à procura da melhor forma, algo que tento encontrar desde o Chennai Open. Com a forma vêm as vitórias e com elas a confiança. Esta época ainda não ganhei nenhum encontro, mas como aqui as contas se fazem à melhor de 5 sets creio que haverá tempo para encontrá-la.
Nesta fase creio que todos os jogadores vão pensando jogo a jogo, mesmo os que estão mais acima no ranking. Vou ter pela frente um adversário que chega em bom momento, depois de ter atingido as meias-finais do torneio de Auckland, mas não acredito que a diferença se faça por aí. Será um encontro à melhor de 5 sets e isso muda tudo. Tacticamente tenho vindo a preparar este confronto desde que o sorteio foi conhecido e juntamente com o meu treinador, Bernardo Mota, temos algumas situações estudadas como o facto dele servir quase sempre para o T, a linha central do court.


O MARAVILHOSO MUNDO DOS GRAND SLAMS
Hoje tínhamos treino marcado para a hora de almoço de forma a fugir à "hora de ponta" no clube. Depois passei pelo clube principal para tratar das minhas raquetes e quando cheguei ao Melbourne Park ainda fui a tempo de ver o último set do encontro do Frederico Gil. Foi um jogo durissímo, que parecia não ter fim, mas ao fim de 4 horas e meia ele conseguiu vencer. Pensar que aqueles que treinam comigo podem ganhar, faz-me acreditar que posso fazer o mesmo e por isso foi uma espécie de motivação extra.
O meu jogo já tem court marcado, será no court 14, onde espero treinar amanhã para me habituar ao local. Gosto sempre de conhecer os locais onde vou jogar e mesmo que não possa treinar lá, vou passar por perto para pelo menos visualizar o court.
Uma das diferenças entre os torneios do Grand Slam e os restantes do circuito é que parece que estamos noutro mundo; as infra-estruturas, o público, os jogadores e o staff existem a uma escala muito maior do que em qualquer outro sítio. Cada torneio 'major' tem diferentes características, na Austrália as pessoas são amigáveis e os jogadores sentem isso. Se isso representa ter o court cheio ainda melhor, porque gosto de jogar para o público por ser o reconhecimento do meu trabalho, já que se as pessoas ficam a ver o jogo é porque gostam do espectáculo.


HORAS LIVRES
Embora num torneio deste nível procure manter a concentração na maioria do tempo, existem sempre períodos de relaxamento, nos quais aproveitamos para pôr a conversa em dia com a família e amigos. Normalmente falo muito com o meu irmão, que vive na China, por isso nesta altura até estamos em fusos horários semelhantes o que torna tudo mais fácil.
Como viajo com o meu computador procuro ler diariamente a imprensa portuguesa e quando tenho tempo gosto de seguir os mercados financeiros, é um hobby que recentemente descobri ser partilhado por alguns jogadores espanhóis com quem me relaciono, o que já proporcionou conversas interessantes durante a minha estadia aqui. Apesar de gostar, não penso seguir por esta área no pós-ténis, já que pelo que vejo o stress inerente à profissão não permite ter uma qualidade de vida de acordo com o que procuro.
Há também tempo para confratenizar com caras conhecidas de outras experiências no circuito e nesse aspecto a "comunidade portuguesa" tem vindo a crescer nos últimos anos. Normalmente vemos o grupinho dos espanhóis, dos argentinos e agora também começa a haver um grupinho de portugueses, que na Austrália procura almoçar junto sempre que possível. O Leonardo Tavares, até ir embora, e o António Van Griechen são presenças habituais nestes encontros onde eu e o Bernardo Mota participamos..

(Fonte: Eurosport)

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